Pessoas não são capazes de colocar seus sentimentos para fora. Isso é fato. Na verdade, colocam. Mas de formas diferentes e em lugares diferentes. Cada pessoa tem uma forma diferente de colocar pra fora, de colocar os sentimentos em seus lugares.
Existem pessoas que colocam seus sentimentos em travesseiros. Passam o dia com eles na cabeça, com as lágrimas nos olhos e com aquele frio em sua barriga. Ao chegar em casa, o primeiro passo é colocar aquela música, depois apenas se jogar na cama. Jogar-se entre travesseiros, lençol e cobertores. Sentir apenas o cheiro limpo da roupa de cama recém trocada, do travesseiro que acabara de passar o dia todo ao sol. Aí, choramos, colocamos para fora. Depositamos nossas lágrimas naquela linda colcha bordada e com detalhes, que agora passa a estar borrada e com marcas d'água. Ali ficam os sentimentos, entre a limpa e cheirosa roupa de cama, acompanhada pela música do momento.
Alguns depositam suas sentimentalidades em copos. Copos de café, copos de cerveja, copos de puro uísque. Uns preferem apenas um copo de dry martini, para ver a vida com uma azeitona pela frente, e a momentânea tranquilidade a lhe invadir a alma. Os que colocam os sentimentos em copo de café, são os mais sentimentais. Gostam de um copo grande e forte em noites frias e com clima chuvoso, para depois sairem andando, normalmente pela Avenida Paulista, olhando os grandes prédios, as luzes que ficam ao céu e sentir o vento gelado no rosto. A hora do vento é a "grande hora", é quando a torrente entra, invade, derruba. Seus olhos passam a não aguentar, e então, suaves e contadas lágrimas escapam, sendo logo enxugadas. Os que preferem os copos de cerveja não se importam com o bar. Qualquer um é o melhor, se tiver uma sinuca, passa a ser perfeito. Garrafas e garrafas, apenas o gosto amargo descendo-lhe a garganta e deixando-o mais aliviado. Os sentimentos ficam ali, à mesa, ou nas tacadas em bolas de bilhar. Essas pessoas não choram, deixam que as garrafas chorem por elas, ou que as gotas caídas ou desperdiçadas tornem-se suas lágrimas. Considero o copo de puro uísque um modo peculiar e pensativo de se despejar os sentimentos. Forte, marcante. Se eles choram? Isso depende muito, existem aqueles que se deixam levar, e outros ficam como o uísque, forte, marcante. Mais uma vez, o alivio momentâneo tem o domínio.
Aqueles que colocam sentimentos em folhas de papel, em minha opinião, são os mais 'engraçados'. Tudo o que sente é depositado ali de forma diferente, lúdica, maioral. Imortal. É comum nas pessoas que deixam seus sentimentos em folhas de papel (ou em arquivos do computador) o acompanhamento de algum copo, eles são fundamentais e inspiradores. Os que optam por essa saída deixam tudo que escrevem um pouco embaçado, de forma que só ele entenda 100% o que está escrito, e ainda assim, tem fé de que aquele alguém entenda que tudo o que ali está é direcionado para ela. Complicado, mas não impossível. O alívio nesses casos chega como ambulância, berrando, cortando o trânsito e salvando de forma heróica e bonita. Mais uma noite vencida, o sono é a recompensa.
Uns deixam sentimentos ao ar. Falam sozinhos, entre árvores do parque, anotações do escritório, panelas e utensílios da cozinha. Ou até mesmo falam o que sentem para quem o sentimento é destinado, mas em códigos, com a tola esperança do entendimento primordial e de declarações inesperadas. O alívio desse caso é o mais falso possível. Por mais que você tenha colocado pra fora, você não colocou. O nada absorveu.
Há também os que têm um depósito de sentimentos na cabeça. Esses pensam, enlouquecem, e colocam tudo no seu depósito. Acho que nesse caso não há alívio. Se há, ele dura milésimos de segundo. Creio que são essas pessoas que vão parar nos hospícios com camisas de força amarradas de forma grosseira e estúpida. Quando chegam a esse estágio passam a ver a vida se passar por uma janela, e são criadas e cuidadas por anjos. Anjos que usam branco, e estão ali por amor, por que estudaram anos, e por que querem te salvar.
No fim das contas, em todos os casos, os sentimentos acabam por ficar presos. Mas na prisão da segurança, para que eles não causem nenhum estrago ou acabem por provocar o caos. Em algumas vezes a prisão é a melhor saída, para não se machucar, para não demolir toda a construção, para não sangrar e ficar com marcas.
Em alguns momentos, acho que prefiro sangrar de emoções a viver sem cicatrizes, porém, nunca consigo.
Existem pessoas que colocam seus sentimentos em travesseiros. Passam o dia com eles na cabeça, com as lágrimas nos olhos e com aquele frio em sua barriga. Ao chegar em casa, o primeiro passo é colocar aquela música, depois apenas se jogar na cama. Jogar-se entre travesseiros, lençol e cobertores. Sentir apenas o cheiro limpo da roupa de cama recém trocada, do travesseiro que acabara de passar o dia todo ao sol. Aí, choramos, colocamos para fora. Depositamos nossas lágrimas naquela linda colcha bordada e com detalhes, que agora passa a estar borrada e com marcas d'água. Ali ficam os sentimentos, entre a limpa e cheirosa roupa de cama, acompanhada pela música do momento.
Alguns depositam suas sentimentalidades em copos. Copos de café, copos de cerveja, copos de puro uísque. Uns preferem apenas um copo de dry martini, para ver a vida com uma azeitona pela frente, e a momentânea tranquilidade a lhe invadir a alma. Os que colocam os sentimentos em copo de café, são os mais sentimentais. Gostam de um copo grande e forte em noites frias e com clima chuvoso, para depois sairem andando, normalmente pela Avenida Paulista, olhando os grandes prédios, as luzes que ficam ao céu e sentir o vento gelado no rosto. A hora do vento é a "grande hora", é quando a torrente entra, invade, derruba. Seus olhos passam a não aguentar, e então, suaves e contadas lágrimas escapam, sendo logo enxugadas. Os que preferem os copos de cerveja não se importam com o bar. Qualquer um é o melhor, se tiver uma sinuca, passa a ser perfeito. Garrafas e garrafas, apenas o gosto amargo descendo-lhe a garganta e deixando-o mais aliviado. Os sentimentos ficam ali, à mesa, ou nas tacadas em bolas de bilhar. Essas pessoas não choram, deixam que as garrafas chorem por elas, ou que as gotas caídas ou desperdiçadas tornem-se suas lágrimas. Considero o copo de puro uísque um modo peculiar e pensativo de se despejar os sentimentos. Forte, marcante. Se eles choram? Isso depende muito, existem aqueles que se deixam levar, e outros ficam como o uísque, forte, marcante. Mais uma vez, o alivio momentâneo tem o domínio.
Aqueles que colocam sentimentos em folhas de papel, em minha opinião, são os mais 'engraçados'. Tudo o que sente é depositado ali de forma diferente, lúdica, maioral. Imortal. É comum nas pessoas que deixam seus sentimentos em folhas de papel (ou em arquivos do computador) o acompanhamento de algum copo, eles são fundamentais e inspiradores. Os que optam por essa saída deixam tudo que escrevem um pouco embaçado, de forma que só ele entenda 100% o que está escrito, e ainda assim, tem fé de que aquele alguém entenda que tudo o que ali está é direcionado para ela. Complicado, mas não impossível. O alívio nesses casos chega como ambulância, berrando, cortando o trânsito e salvando de forma heróica e bonita. Mais uma noite vencida, o sono é a recompensa.
Uns deixam sentimentos ao ar. Falam sozinhos, entre árvores do parque, anotações do escritório, panelas e utensílios da cozinha. Ou até mesmo falam o que sentem para quem o sentimento é destinado, mas em códigos, com a tola esperança do entendimento primordial e de declarações inesperadas. O alívio desse caso é o mais falso possível. Por mais que você tenha colocado pra fora, você não colocou. O nada absorveu.
Há também os que têm um depósito de sentimentos na cabeça. Esses pensam, enlouquecem, e colocam tudo no seu depósito. Acho que nesse caso não há alívio. Se há, ele dura milésimos de segundo. Creio que são essas pessoas que vão parar nos hospícios com camisas de força amarradas de forma grosseira e estúpida. Quando chegam a esse estágio passam a ver a vida se passar por uma janela, e são criadas e cuidadas por anjos. Anjos que usam branco, e estão ali por amor, por que estudaram anos, e por que querem te salvar.
No fim das contas, em todos os casos, os sentimentos acabam por ficar presos. Mas na prisão da segurança, para que eles não causem nenhum estrago ou acabem por provocar o caos. Em algumas vezes a prisão é a melhor saída, para não se machucar, para não demolir toda a construção, para não sangrar e ficar com marcas.
Em alguns momentos, acho que prefiro sangrar de emoções a viver sem cicatrizes, porém, nunca consigo.